sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Uma caneta e um barco

Uma caneta e um barco

A vida é um barco que escreve sobre águas.
Água de chuva, água dos olhos, água de mar...
É sempre assim a sustentação
Quando se quer explicar.

Você é um barco a procurar segurança.
Que suavemente se inscreve como uma poesia
Que vai de encontro ao sol.
Às vezes, triste, indecisa ou com alegria.

Percorre esse universo na noite escura.
Mesmo em meio às tormentas...
Vive e morre pela realidade
Numa solidão tão sua.

Eu sou a caneta.
Escrevo sem bases solidas,
Porque não preciso de chão.
O que me acontece vai além de sua imaginação.

Deixo a realidade para ficar sozinho.
Deixo tudo para sonhar!
Vivo na loucura sonhando harmonia...
Perco-me por te esperar.

Não preciso do espaço...
O que escrevo é a vaidade de um barco
Que pelas águas se contradiz.
Limitando-se a vagar a esmo mentindo que é feliz.

Mas, quando as luzes se apagam...
E a saudade não deixa dormir.
Quando o sol nasce ansioso,
Sou eu quem te procura, sem saber por onde ir.

Mais uma vez perco o compasso!
Escreve a caneta sem saber:
Falta na realidade um abraço!
Por ilusão, vou seguindo seu barco.

De Magela