quinta-feira, 26 de março de 2009


Volúpia

Há no desejo...
Uma teoria que agrada ao êxtase.
Recompõe com facilidade,
Que no amor de haver carnalidade.

Sem noção de que tudo é eterno,
Perde-se numa procura.
Volúpia que passa...
Como passa a loucura.

Amor carnal!
É bendito...
Não faz o seu mal
Sendo assexuado ou sexual.

Detratores dos folguedos são os medos...
Aniquilam com jeito de morte.
Escondem com seus dedos
Essa emoção tão forte.

Significaria dor a idéia que traço,
Se o mundo não fosse furtivo, contraditório e infinito.
Levo uma vida para afirmar o que sinto,
E num só desejo seu; me desfaço.

De Magela

quarta-feira, 25 de março de 2009


O (meu) amor – versão II
Adaptação dos versos de Tânia Benaion
da Oficina de Poesias. Méritos a autora.


O amor esta no coração
Na alma e nas fantasias.
Veste roupa de emoção
E, não é como deveria.

Anda por aí, simplesmente...
Vive em todos os lados.
Habita corações apaixonados,
E, por vezes torna-se doente.

È assim mesmo!
Infinito em seu poder de determinação.
Alcança o inimaginável...
E, muitas vezes, nos derruba ao chão.

Nada importa ao amor...
O meu amor é exageradamente amor.
Quando se complica...
E abraça qualquer dor.

Pode ser alegre.
Pode ser triste.
Pode instalar-se repentinamente...
Pode te ferir tão docemente.

Pode não me procurar...
Chegar sem avisar.
Pode até matar...
E, se fazer inconseqüente.


De Magela

A brisa da manhã



A brisa da manhã


O vento sempre nos traz respostas...
Muitas delas esclarecem dúvidas.
Medos e incertezas
Que não queremos enxergar.

Mas, também nos mostra
Que somos livres para escolher
Entre viver, se esconder e sonhar,
Sem ter que se preocupar.

Quando acordo...
Abro a janela do coração.
Para tentar compreender
O que o vento quer vai mostrar.

A brisa da manhã traz pensamentos distantes...
Que sinto a sua falta.
Com profundidade, nosso começo, meio e o fim.
Mais que uma resposta; revela o que ainda esta em mim.

De Magela/Cecília de Moaraes dos Santos

( Poesia feita em parceria com Cecília de Moares dos Santos do Beco dos Poetas e Escritores).

Um lindo sorriso seu




Há muita gente que passas sem compreender o amor.
Uma mentalidade leviana...
De achar que é só mais um sentimento...
Igual ao olhar de quem só vê a flor.

Algo que só aparece no silêncio.
Em hora certa, em qualquer lugar...
Jovens na praça, casais num jantar...
Quando se precisar.

Como amoreira que se planta, espera e cresce.
Rejuvenesce na vida e floresce pelo mesmo querer.
Frutos num pomar...
Como se o coração soubesse a hora certa de amar.

O amor não tem essa função.
Quantas vezes você disse que me amava
E sem questionar acreditei?
Entreguei-me em sua mão.

Quantas vezes viajei num sonho
Para encontrar o que só em você
Encontrei...
Sem nunca saber amar?

Não sou culpado de te amar tanto assim...
O amor em mim não floresce como num jardim.
Não se obstina e não tem a pretensão de ser perfeito.
Não vive de olhos abertos e não faz nada direito.

Sento alegria quando vem pra mim,
Por isso, dói tanto, ouvir esse adeus teu.
E sempre vou te repetir: a lágrima que hoje eu vi,
Ontem foi um lindo sorriso seu.

De Magela/Cecilia

(Poesia feita em parceria com Cecília de Moares dos Santos
do Beco dos Poestas e Escritores)

segunda-feira, 23 de março de 2009

Tanto faz


Tanto faz

Tanto faz, as cores no arco-íris...
Se houver a luz do seu olhar.
Tanto faz, um amor cego...
Se, é assim que me entrego.

Tanto faz, separar dia e noite...
Reparar todos os defeitos,
Se irei te amar do mesmo jeito,
Quando vier o açoite.

Tanto faz, juntar nossos corpos
Num só coração sonhador...
Se, seguirei seus passos
Por onde você for.

Tanta faz, a extravagância do verso...
Nesses becos da solidão.
Se, me faço do avesso:
Para consultar o coração.

Tanto faz, acreditar na vida
Se tiver que sentir a sutileza.
Do sentimento nesta lagrima contida
Que o seu amor me deixa com toda delicadeza.


De Magela

Só por causa de um olhar


Ando sem noção de tudo!
O pensamento não faz sentido.
Ouço vozes...
Dizem que tudo deve ser vivido.

Ando com fome.
Fico mais perdido
Vivo com medo...
Nem consigo tocar violão.

A chuva me recusa...
Tenho medo de pegar sua mão.
Nem posso chorar.
Essa é a questão!

Não posso parar.
Não posso chorar.Não posso cantar.
Imagine alguém que se perder desse jeito
Só por causa de um olhar.


De Magela





No meio de tudo...
Há sempre uma nova questão:
Será que fiz o certo?
O que deve ficar no chão?

O que posso mudar?
Por que se faz tantas perguntas
E não deixa por sonhar?
Conjunturas...

No meio do meu coração há um milharal,
Foi a lua que plantou e deixou para eu cuidar.
O que esta fazendo lá? Cada peito cultiva o que quer.
Uns cultivam amor, fantasias e algumas necessidades...

Conheço alguém que a saudade cultivou...
E não gostou do que plantou!
Mas agora... Nessas alturas...
Não tem jeito não! Minguou.

Vou levando o milharal. Complicado e trabalhoso.
Às vezes, nem tenho como regar...
Olha que fabuloso! No meio do sertão há o milagre de tantas águas...
E de saudade dela, rego o milharal, com a lágrima do meu olhar.

De Magela

sexta-feira, 20 de março de 2009

A vida é um baú pequeno




Baú pequeno...
Cheio das coisas
Que só tem valor,
Se o valor for você.

Guarda comigo um brilho.
Um sabor infinito...
Um gosto trancado no grito
Da cor delicada da emoção.

Se, trancado guarda desejos...
Se, aberto: encanta.
Mostra com sorriso
Tanta esperança.

Acabado num brilho tosco.
Desenha em relevo amarelo,
Escriba e sacerdotisa,
Renovando a paixão.

A vida é um baú pequeno.
Que, ás vezes, deve ficar trancado.
Deve guardar certos ensejos,
Como o meu coração.

De Magela

quarta-feira, 18 de março de 2009

Esse amor é meu!


Este amor é meu!
Presente ou castigo...
Escancara minhas portas,
Que revivo.

Analogia imprópria...
Quando a lágrima dita a razão.
Todo amor fica imenso
Quando se refugia na solidão.

Silenciosa amargura...
Que esconde a origem
No fundo de um
Do coração.

Remédio distante...
Que não deixa gravura.
Falta inconseqüente
Perdida na candura.

Poderia ter se perdido...
Morto na contorção.
De tudo desistido...
Morte-cor na imensidão.

Mas, quando a noite vai
Renasce vitorioso...
O sonho não se perdeu,
Ainda vive caprichoso.

Que a falta nos refaça chorando
Porque o dia não amanheceu...
E o vento, amigo fica soprando.
Ousa o que digo: esse amor é meu!

De Magela

Selada com amor


Selada com amor

Amanha a alegria chegará...
Recomporá esta semana de lagrimas.
Apagará minhas tristezas
Por viver nesta espera.

Como carta de correio...
Futuro e presente que atrasa.
Ansiedade postada no receio...
Com amor sendo selada.

Espero amanhã:
Lembrar o carinho das mãos.
Lembrar do seu caminho...
E, Onde deixei o coração.

Contendo sorrisos...
Sigo a te reinventar.
De que serve a paixão,
Se não, para o amor esperar?

Espero todos os dias uma alegria perfeita,
Que acabe com esse anseio.
Mas, se ela não chegar...
Fecho-me para a vida e reclamo do correio.

De Magela

segunda-feira, 16 de março de 2009


Ai

Corre na veia, com um suspiro tentador,
Um calor que inflama a pele e,
Me desconecta...
Num estalo assustador.

O silêncio provoca encanto de lembrar...
Nossas bocas se encontrando na tela da imaginação.
Emoções ficam mais sentidas...
Ai começo a te sintonizar.

Meu velho coração
Precisa da sua guarida,
Pena que, às vezes, trava.
Ai falta conexão. Falta sua vida.

Quero falar do meu amor...
Porque a poesia só deixa zunido.
Fico tentando te reconectar...
Mas só ouço um gemido.

De Magela

sexta-feira, 13 de março de 2009


Antes que a saudade invada.


Sensações em mim
Buscam o seu carinho.
Abandono a realidade
Pra não ficar sozinho.

Ponho-me a sonhar...
Neste rápido decurso de tempo
Descubro o quanto te preciso.

A lua que aparece
É meiga, serena e já sabe.
É amor que me invade.

Que você é o meu ultimo suspiro
Antes de morrer na escuridão do pensamento...
Antes do derradeiro momento
Que a saudade invada.


De Magela

Alma leve e retraída


Alma leve e retraída

Desordem no colorido
Coração de alguém.
Escondendo vive seu sentimento.
Daí, não se sabe, por onde anda.

Para todos, vive sonhando...
Instável; não conversa.
Afasta-se de tudo. Só fica na pressa.
Ares do amor estão lhe rodeando...

Fragrância doce de menina...
Alma tão leve e retraída.
Sentimentos calados gritando desesperados
Do coração querem uma saída.

Como explicar que seus olhos brilham
Quando vêem o que lhe conforta?
Que tudo se destranca? Ri e se alegra...
Do coração abre a porta.

Olhos brilhantes, como uma estrela no céu
Consolam a saudade do que vive buscando.
Sentimentos quando gritam desesperados;
É porque o coração esta amando!


De Magela

A solidão estreita meus ângulos



A solidão estreita meus ângulos

Abrindo os planos
De menor resistência
Do meu coração...
Estreitos ângulos (teus)
Idêntico a desespero.

Denso espaço
De saudade,
Que ficou,
Ao final de meu zelo.

Nada atenua!
- ribeirão sem água –
Depois que o amor acabou.
Ausência sua.

Não fui a água que dispersou
Pela várzea que existia ali.
Nem a argila cindida
Cobrindo o chão.

Fui o desalinho!
Extensa camada que cobre um rio.
A solidão que estreita meus ângulos...
Mostrando o desespero de um coração.

De Magela.

Revive submerso


A alma raramente se penetra...
Como num jogo cheio de mistérios:
Quanto mais se visualiza,
Mais ela se fecha.

Quem pode dizer dos sonhos que trago escondido?
Revelar minhas verdades?
Mentias?
Se na alma tudo isso se mistura.

Ninguém saberá o que trago escondido lá no fundo.
Nos lagos profundos da emoção
Nos abismos que nada habita
Do outro lado do coração...

Não se define com verso, o tesouro lá escondido.
Perto de estrelas, talvez...
Oculto na constelação do sentido,
Vez mais se engrandece, e revive submerso.


De Magela

Falta-me um braço.


A sensação que tenho...
É de que falta um pedaço.
Uma loucura qualquer
Que ainda não fiz.

Loucura de suportar a realidade
Com um dedo...
Mostrando-me assim:
Tão imperfeito.

Falta-me o dia!
Falta-me o medo para aliviar
Essa coragem de ser sonhador.

Falta caminho escondido...
Que se acha no estimulo da invenção,
Das revoluções perdidas
Do meu coração.

Falta-me mais um braço para poder
Abraçar a verdade.
Realçar a natureza de ser poeta,
Só para morrer do seu amor e partir.

Falta-me ter cuidado para quando olhar do espaço
E, só visualizar a emoção de descobrir,
Que nada na vida é em vão,
Se não houver a falta de ti.


De Magela

quarta-feira, 11 de março de 2009


Poesia, história oral.


Poesia, oficina de história oral,
Das palavras que ouvem o silêncio
De alguém.

Que enxergam o que se tem pra contar
Com paciência de quem nada quer dizer.
De alguém assim como eu...
Assim, como você.

Que ainda sente.
Alguém que foi amigo.
Que foi um amor e,
De algo mais quente.

Da dor que existiu...
Daquele sorriso e beleza.
Da saudade...
Da tristeza.

Poesia de toda memória perdida
Menina linda que não é velha assim.
Explica a nossa vida...
E, que o amor não pode ter fim.


De Magela

terça-feira, 10 de março de 2009

Não se importou (Eu sou o sol)


Não se importou

Não se importou quando o vento soprou
O que vinha do mar.
Desforra! Algo carregado de sentimento...
Das coisas que se rumina sem falar.

Não se importou quando aquela alegria incontida
Foi se abrindo em seu peito como um clarão.
Apesar, de haver envelhecido mais que o tempo,
Sempre soube que o silêncio transborda em nada.

Não se importou por saber que
Tudo na vida vira um caminho só.
E, aqueles olhos que falavam com a sua solidão...
Simplesmente, pedia o amor do coração.

Pode ser, só um motivo que a vida tem
Para judiar mais um pouco...
O amor vive cheio de claridade; não se importou...
Brilhou mais que tudo. Brilhou feito louco!

De Magela

As mãos reinventam



As mãos reinventam

Por curvas suaves deslizam as mãos...
Ficam frias, firmes e se calam.
Não por omissão do que sentir.
Mas, pela escolha de uma instropecção.

O pensamento voa quando se têm olhos e mãos.
A boca não procura mais certezas...
Com uma forma tão coesa,
Surpreende na emoção.

Quantos, dos meus pensamentos deslizam
Nas pontas dos dedos?
Como olhos silenciosos que procuram
Palavras não ditas.

Na imensidão da lágrima triste...
Quantas vêzes essas mãos
Procuram o que não
Mais existe?

Por isso, tenho uma certeza...
Quando minhas mãos
Encontram seu corpo:
Que o meu coração se habita.

Tudo se encaixa.
O tempo se desgasta...
Tudo o que ele tenta...
As mãos reinventam.

De Magela

(Na poesia, as mãos contornam corpos, montes, oceanos, abismos,medos...e tudo se encaixa numa explicação ilustrada que o tempo apaga, mas elas reinventam).


Falando na saudade


Tem sido minha grande aliada,
Quando o coração cisma em sofrer...
Parece perdido numa vontade
Mais que maluca para te ver.

Esconde o sorriso...
Coloca lenitivo à frente dos caminhos...
Se, percebe que estou sem chão:
Imaculada; estende-me a mão.

Protege as raízes...
Trazendo á superfície
O que de mais real existe.
Reconhece com verdade nosso bem e nosso mal.

Vai incomodando, que meu pranto se explica chorando...
Até que não consiga mais conter.
Falando na saudade...
Estou morrendo de vontade de você!

De Magela

segunda-feira, 9 de março de 2009



Para adoçar a saudade

Para adoçar a saudade...
A consciência não diz nada!
O tempo vai passando...
Resmunga a felicidade.

Por que a vida complica?
Por que explicar o que se sente?
A lembrança dela me enfeitiça...
Parece chocolate quente.

Nestas horas, percebo muitos silêncios...
Me sinto mal.
Seja lá o que for...
Não é casual.

Não tenho nada além da dor!
No coração tenho um só amor...
No bolso apenas este papel de bala
E a pétala de uma flor.


De Magela

sexta-feira, 6 de março de 2009

Mulheres negras de Jací


Mulheres negras de Jací

Passo-Fechado, mas caminho sozinho
Na estrada que saí do Quenta-sol.
Medo abobado tenho aqui,
Por causa do Curupira, Lobisomem e de sací.

Cabelo pixaim: meu avô cortou do lado.
Ninguém liga pra mim, á vezes, ando pelado.
E fico desengonçado com embornal
No umbigo atravessado.

Sou assim.
Mais que, as mulheres negras de Jací.
Sem a dor invisível; sem o cansaço do ébano;
Sem a dor da poeira que se ganha de andar no sol.

Olhos esbranquiçados, altas e sem corte.
Sem as curvas que as mulheres têm...
Sem medo de canseira e,
Sem besteira de culote.

Na dor do meio-dia sentem desprezo...
Porque o minuano não passa?
Quem sabe o Levante virá de tardezinha...
O que passa, é só carro de boi.

Peguei um que gemeu cansado.
Nem notou que eu estava na rabeira...
Vai lá para Nestlé.
Com tanto leite; o que será que vão fazer?

Vamos briosa!
Vai malhado!
Geme-geme no estradão
Acho que fiquei cansado.

Vai andando por ai afora
Acordando o pai Nau, Tia Izidora,
Mãe Joana, mãe Gilda, avó Venância
Pai Joaquim e Tia Sebastiana.


Que a lua esta azeda.
Chupou cana no canavial...
Tanto café que vejo na ESAU.
Café-bom, café-casca, café-bóia.

Gabiroba, amora e ata.
Jatobá, jabuticaba.
Araçá...
Sei de tudo que estava lá.

O dia vai acabando...
Os de Jaci estão voltando.
Feixe de lenha na cabeça.
Enxada e cara cansada.

Vão rezando, as rezas do divino,
Igual as das Congadas.
Sou menino... Como podia saber?
Rezo quando crescer.

Agora nem dá mais pra entender,
O porquê de nunca poder esquecer,
Mas pra Lavras não volto mais.
Não têm mais ouro em Minas Gerais.

Tudo se passou...
Nada esta mais lá e estou aqui.
Hoje, quando o sol fica a pino
Lembro que um dia já fui menino

Que não tenho mais medo
Daquele caminho assombrado.
Segui o caminho que tinha de seguir.
Segui as mulheres negras encantadas de Jací.

De Magela