quinta-feira, 22 de julho de 2010

O que o silêncio tenta dizer


O que o silêncio tenta dizer

Às vezes, o que mais dói...
É o que esse grito de silêncio tenta dizer.
Diz que amo...
Mas se perde na intenção.

Fica separado neste desacerto
Que enfraquece o coração
Sem perder seu endereço...
E sem resolver a questão.

Recusa sem ansiedade alguma
A decisão mais provável:
Endireitar o pensamento e te esquecer...
Dar certeza a solidão.

Diminuído pela incerteza,
Ganhasse tempo falando de amor.
Continuo ouvindo música nas tardes sem vento.
Continuo a ouvir o grito deste silêncio!

De Magela

Quando meus olhos choram


Quando meus olhos choram


Percorre seu desterro,
Mas dê forma ao amor meu!
Cante na vida a obra deste poeta
Que a poesia esqueceu.

Que morreu num simples verso!
Que atravessou salões.
Que abriu todas as portas
Que se perdeu nas intenções.

Que sobreviveu da ilusão do seu amor,
Pensando que arrancava todos os medos.
Que continuou a remar mesmo chorando,
Que fez do barco e mar, juntos num só engano.

Tarde sem vento.
O mar e a brisa se aquietaram...
Viuvas felizes no abandono
Quando meus olhos choram.

Claridade na tarde...
Sol morrendo bem devagar.
Um pensamento percorre o firmamento:
Por que o que penso não posso gritar?

De Magela

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Simbiose


Simbiose


Quase desequilibra o peso de corpos...
Que ocupam o mesmo lugar.
Mesmo acostumados a se juntar,
Gastam o amor antes que acabe.

Corpos neste encaixe...
Harmoniosamente um no outro,
Grudados mesmo que puxe,
Não separa nenhum.

Lua procurando o sol...
Vento a montanha.
Nuvens o mar...
Natureza a terra.

Eu procuro em seu olhar;
Razão para minha sintonia.
Amar-te só não basta!
Não há porquê se dar.

Seu corpo sobre o meu,
Vidas em simbiose.
Caminhos indefinidos...
De carruagem indo para o mar.

Seu corpo sobre o meu...
Justapostos sem constrangimento algum.
Sentimento que misturo ao seu,
No amor e na vida, somos um.


De Magela

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Carbono quatorze



Carbono quatorze


Radioisotopo simplesmente...
Fenomeno de radiação alfa, beta e gama.
Forma magnética, porém mais energética,
Como o coração que ama.

Que o decaimento radioativo transforma:
Algo natural em outro elemento.
Reações de nitrogênio.
Nêutrons dos raios cósmicos atmosféricos em bombeamento!

Meu amor também faz guerra!
Enquanto a vida existir...
Será carbono quatorze que circula na atmosfera...
Litosfera e biosfera!


Se morrer o amor, todo equilibrio se pertuba!
O decaimento fica mantido...
Pode até haver exceções na datação,
Quando o elo for perdido!

Mas chegar-se-á na mesma conclusão:
A idade determinada no verso,
Qualquer que seja o método usada para datar...
Afirmará: Amo-te, desde o universo, antes de tudo isso começar!


De Magela

terça-feira, 6 de julho de 2010

Êxodo


Êxodo


Confesso!
Tenho sonhos e teimosias,
Além da necessidade permanente de sonhar!
Êxodo de pensamentos...

Fuga financiada pela saudade...
Que sempre remete a ter mais que uma ilusão.
Para dar forma a esses sonhos...
Criando com fábula uma promessa.

Promessa sempre nos serve de embarcação!
São promessas que nos compelem a procurar aventuras...
São promessas que nos levam a ter desventuras...
No fundo do coração.

Sem engajar tripulantes...
Marinheiros recrutados por qualquer habilidade!
Ressucito Maria dos Prazeres, índias pretas e brancas,
Como exercício da minha ilusão.

Confesso...
Para que teimar e querer verdades?
Poesias, risos e revelações...?
Se nem imaginam as viagens que faço num pensamento,
E quais sejam minhas intenções...

Meu barco busca seu verso!
Sua promessa de amor sem pretensão.
Porque vivo perdido nestes dois universos
Vivendo suas esperanças e as ilusões.


De Magela