sexta-feira, 11 de março de 2011

A madrugada me surpreende no quintal


A madrugada me surpreende no quintal.
Verdade ligada ao amor...
Que faz hábitos encherem o queixume.
De recurso, o que resta é esquecer esse mal.

Fabrica de tristeza é a cama vazia...
Não se reforça a corrente que nos unes os pés.
Não há mais os laços que nos prendia!
Não se repõem nossas marés.

Na violência da noite espero a lua...
Sofrimento sem igual.
O gelo na castidade sua,
Trágico final.

Verdade da dor...
Madrugada fria nos quintais...
Imensidão repleta do negrume;
Desta solidão tão impune.


De Magela

Maria-sem-vergonha


Maria-sem-vergonha arregaça a saia do chão!
Mel com mangaba...
Tem coisa que não da certo.
Não dá certo não!

O que é para ser são as palavras...
Mas nem sempre elas são.
Marias-sem-vergonhas não são dejaniras:
Nascem em qualquer lugar!

Filhas do menor chuvisco...
Só de lembrar delas me agrada,
Mais que a saudade,
Por que sei que nem todas as flores são belas.

Nem toda morena fica na janela...
Nem sempre a lua fica sentida.
Noite sem boca...
Vou eu pela vida.

Feito Maria-sem-vergonha,
Vou apear em qualquer lugar!
Se as chuvas já estão esquecidas,
Espero a lua por lá.


De Magela

O clarão da lua


Há instante em que a inspiração em mim mais se denota...
louca imaginação para que fique longe a saudade.
Ouço no coração angustias que penetram sem parar
e com a voz lenta do tempo, me faz inventar.

Invento seus olhos.
Invento a confiança de que com sonhos caminhos por estradas coloridas.
Invento que cantas como criança remedando os passarinhos...
Invento que flutuas no céu, feito o amor mentindo.

Na luz da lamparina morimbunda cheia de eu só,
Combinando lagrimas absusrdas...
Quando o pensamento e sentimento ficam vagando,
numa forma confusa: carruagem no céu e cavalos a galopar.

Há um instante em que a minha inspiração com mais calor se denota,
como amor invadindo a alma para virar toda magia sua.
Quando cheio de fantasia se prende a paixão e vira poesia,
Fecho meus olhos e sinto o clarão da lua.

De Magela

terça-feira, 1 de março de 2011

Remeleja



Remeleja

Com a meiguice da musica
A saudade se manteve em mim.
Pássaro voando sem momento...
Riso solto no ar.

Você é a ilusão da minha desilusão,
Meu sonho que fadiga por sonhar.
Sofrendo, se define calado...
Amargando quieto quer amargar.

Sonhos que sonho acordado,
Que seguram feito os olhos teus...
Mas do meu lado não está.

Levo cruas as noites sem sono...
Desesperado e sem virtude,
Por não ver céu nenhum!

“E longe pedra velha remeleja...” (*)
Amor meu, meu amor!
Só um...

De Magela
(*) João Guimarães Rosa,Grande Sertão:Veredas.

Hoje a lua não vai no mar



Hoje a lua não vai no mar

Fazendo arejo...
Vi tudo nos olhos dela!
Melhor de tudo é água,
Porque tudo começa e termina com ela.

Foi depois daquela hora que olhei seu olhar:
Quando as águas nunca convêm...
Se tudo termina com ela
Não vou gostar de mais ninguém.

Pássaro perdido, vai voando...
Carregando esforço para pousar,
Eu cada vez mais perdido,
E os olhos dela, cismando de me olhar.

Ela também não me deixa!
Me segue - sem se notar.
Sinto o sobejo dela...
Hoje a lua não vai no mar.

De Magela

É só ela!





Quando a soberba luz na noite
Vinha acontecendo...
Feito um passo bem lento
Adentrando pela janela!

A mesma luz que clareava rios e serras
Conduzia meu nada para bem perto dela.
Como fosse uma porta aberta só para mim;
Eu vi a lua!

Quis entabular namoro...
Com a mesma vontade de quem vive,
Vida de sonhador...
Intensamente cheio de sonhos no amor.

Quis também ser do universo,
Por fim a minha solidão, ficar na mesma aquarela.
Mainei em versos, toda a imensidão...
Descobri que o amor, é só ela.


De Magela

Chuva que em mim doeu





De nos dois ninguém mais fala...
Fantasia da solidão, é este medo meu:
Mal de ilusão...
Será que me esqueceu?

Das claras águas e sombras,
Anda o sol.
Terra, vento, serra e mar,
Esconde a lua.

De mim nem será capaz de lembrar
Ou dirá o que passa e perpetua?
Dirá mais de uma vez...
O que a saudade não quis deixar.

Destoa no escuro feito eu...
E seu cheiro vem feito o cheiro da chuva
Fantasia da solidão...
Da chuva que em mim doeu.

De Magela