segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A saudade é uma criança


A saudade é uma criança

Assamos o pernil.
Gelamos o champagne e postamos a mesa,
Como se fosse uma oração...
Poesia de Natal, talvez, mas foi que Deus serviu.

Adulei as crianças!
Sorri mais do que devia...!
Corri pelos cômodos da casa...
A procura de mais ternura e emoção.

Tive em mim mais um pecado: a ansiedade
Por ver aqueles rostos se alegrarem mais uma vez!
Por ver os mais velhos soltarem suas lágrimas,
Como se estivessem alimentando-se de perdão.

E por dentro, a cada laço que destrançava dos presentes...
Abraçava-te em cada um deles. Na boca o gosto do creme de avelã e panetone
Misturado ao peru assado, servido com frutas em caldas...
Para adoçar uma imensa saudade.

O olhar perdido junto a arvore de Natal, para lembrar-te dizendo:
Não haverá caixa fechada que um sorriso não abra.
E, depois de aberto, uma voz de longe vir respondendo:
A saudade ainda é criança e com presente se encanta!

De Magela e Carmem Teresa Elias

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Feliz Natal, minha filha!


Laço, fita, Natal e festão


Tenho uma foto de minha filha,
E junto dela um pé de laranja lima
Que meu pai plantou no fundo do quintal.
Poderia ser uma decoração qualquer, se ele não me falasse.

Era difícil explicar para alguém
Que eu gostava de ali ficar,
Imaginando aventuras em outras galáxias,
Ou, então montado num poderoso alazão.

Era aquele pé magrinho, que ouvia quando a tristeza
Batia-me e, por Beatriz mais uma lágrima da alma
Saltava--me...
E em seus galhos caiam.

Certa vez, era Natal. Todos lá em casa ganharam como presente
Bonecos de Papai Noel. Meu pai coitado, não tinha imaginação,
Parecia que ele se encantava com aqueles bonecos, mais
Do que poderia. Parava comprava e nos dava com alegria.

Meus irmãos agradeciam, mas logo, deles se desfaziam.
Eu os pedia para mim. Eles morrendo de rir, me davam seus bonecos...
Até os gatos sumiam apavorados, talvez imaginando
Coisas que não existiam.


Arrumava-os naquela árvore...
Ajeitava em seus galhos, aquele bonecos...
Alguns, até rasgados e incompletos.
E terminava a decoração com bolas e festão.


À noite, ficava na janela olhando minha arrumação...
Laços e fitas, lima e limão, luz da lua a clarear,aAlguém naquela imensidão.
Dava tempo ainda, antes que a gente dormia,
De repor Beatriz na lembrança do meu coração.


De Magela e Carmem Teresa Elias

(Arrume sua árvore de Natal com alma e sutileza. Há aqueles que não se importam com os símbolos, mas sempre haverá olhinhos atentos que ainda acreditam em seus sonhos. Feliz Natal, minha filha!)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Pranto Negro


Pranto negro (Asterismo)

Era só uma maneira de pintar a casa:
cobrir com tinta a saudade que emanava sobre a parede.
A cada pincelada uma cor...!
De olhos negros e tristes eu lembrava.

Um dia, sem que se faça o sorriso nos olhos da alma aflita,
Esvai-se a luz, num instinto da dor, com a pincelada de tinta...!
Por compaixão, cobrindo a imagem com um céu sem as nuvens,
E os tetos brancos mantendo a solidão gritante.

O desconsolo mais precioso da verdade é o contraste!
Nada se iguala quando se compara os traumas entre dois mundos:
Dela a lembrança mais viva a me fazer chorar...
E ela a janela entre aberta que jamais me verá soluçar!

Tão intensos eram aqueles olhos, escuros e opacos
Que nunca esconderam o brilho do amor!
A solidão me faz ver estrelas em meu quarto sem apego,
Com o mesmo sorriso branco do meu pranto negro!


De Carmem Teresa Elias e De Magela

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Simplicidade para dizer que te amo


Simplicidade para dizer que te amo

Contentaria-me com o gesto mais simples do amor:
Aquele que possa dizer que se ama...
Aquele, cujo brilho fraco e terno da tarde
Aquietasse teus olhos, e o mar.

Mas dependo tanto das palavras...
Palavras, são cheia de defeitos: não conseguem tudo dizer...
O que fazer com um coração sonhador
Que vive buscando mais sentidos para esse amor?

Amar agora é uma metáfora sentida...
Sol e tarde. Personagem e sentimento.
O existir que depende das cores do pensamento...

Sozinha a tarde não basta!
E por saber que é preciso simplicidade para dizer que te amo...
O tempo não passa!...


De Magela e Carmem Teresa Elias

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Desapego


Desapego

E me sento na praia,
braços estendidos a te abraçar.
abrigar-te em meu colo e saber...
Como é bom poder te amar.

Nesse misto de dilema e paz,
ofereço a rosa mais perfumada que encontrei.
lançando ao mar a esperança que para esse encontro...
As águas se carreguem.


Não adianta o esforço desse querer...
Se ao mar, descobre-se: e é finito!
E o amor nuca permite se conter...

Pensando apenas em te ver feliz,
Só resta, beijar e tocar o maior encontro que o amor permite:
doação completa deste beijo em desapego e não negar o que existe.

De Magela e Carmem Teresa Elias

Privilégio


Privilégio

Privilégio é quando a natureza se enamora...
Um pássaro que canta para chamar você de volta
Deixando uma pergunta no ar:
Para que ficar nas nuvens se teus segredos passam por aqui?

Privilégio é quando a natureza se enamora...
Mas desdobra num sorriso, porque você irá chegar.
Esquecendo o frio repentino que faz em dezembro
De frente do mar.

Privilegio é o silêncio de uma foto...
Fazendo ir tão longe à solidão,
Que mesmo apertando o vazio
Eu a sinto em meu coração!

Privilegio é poder te amar assim:
Não menos egoístas, nesta indolência honrada,
Onde as manhas nascem azuis, os pássaros ficam distraídos...
E de ti, eu me enamoro, parecendo que perder o juízo.

De Magela e Carmem Teresa Elias.

Tua alma é o encanto da minha


Tua alma é o encanto da minha

A alma também pode ser efêmera...
Como são, as promessas vãs que fazemos em cada momento.
Pode ser tão nua a se contentar apenas...
Com um encantamento.


Esconder beleza, num suspiro de alegria,
Decifrado em palavras bem intencionadas,
Que banham o fundo desta calma,
Pela nitidez e leveza com que são faladas.

A intenção sincera do gesto...
É para dizer que a amo tanto,
E que só a intençãor, basta e sacraliza.

O que pode ser mais infinito do que palavras se despindo...?
E o que pode ser mais brando, que teu olhar a dizer bem mansinho...?!
Se a tua alma é todo o encanto da minha...!

De Magela e Carmem Teresa Elias

Há caminhos que só o amor responde...



Há caminhos que só o amor responde...

Das geleiras às primeiras corredeiras,
um pequeno rio faz julgo ao seu corpo.
Onde a pele da terra só pode ser escondida pelo leito das águas,
lá naquele pequeno mundo, o primeiro momento de um amor aflora.


Na natureza e no coração do homem
a diferença será sempre a intenção.
Pois, é da neve que se solta
o desejo mais ardente do verão.

E da noite em que se toca a transparência mais aquosa que se investem as mãos,
envolve-se a montanha... A seguir a explosão!
Serpenteiam os desfiladeiros enquanto aos beijos, os vales pecam o pecado dos céus...
É que há em tudo uma contradição: que afeta longe...

Qual nuvens altas sob os pés o curso do rio chega ao fim.
Dá-se a montanha por vencida! Mas um desejo leva a outro... e outro....
e, ao longe, uma enseada indaga um rio: Onde estão as águas que ao mar completam, mas também não bastam?

Há coisas que são tão próximas que se pode tocar.
Outras são possíveis, mas há que se valer de grande esforço
Há caminhos que só o amor responde, com a humildade de nunca questionar
as águas das chuvas, dos rios, dos mares e do seu olhar...

De Magela e Carmem Teresa Elias

O teu desejo leva a outro e outro ...


O teu desejo leva a outro e outro...

“Sete necessidades são básicas!”
Disse o filosofo.
Mas não explicou, por que um desejo leva a outro...
Por que te desmereço num olhar imemorável.

Animas e animus...
Segredo do meu gosto!
Tudo o que quero trago claro no rosto
Mas tenho medo de dar-te o desgosto.

Preciso do teu café...
Se ele for a explicação do que vejo
Deve haver naturalidade, num sorrir de verdade
E não no doce do teu beijo!

Brinda com ele a fé que há no inverno...
Por que o desejo do teu doce leva a outro, e outro, e outro.
Que posso gozar no teu céu...
E conhecer o teu inferno.


De Magela e Carmem Teresa Elias

Comprei rosas, posso te dedicar uma...?



Comprei rosas, posso te dedicar uma...?

Comprei rosas amarela, meio desajeitado...
Qual cor você gosta? Ela riu como se fosse um verso.
Aquela rima que vem envolta de claridade, cheia do receio de voar,
E que repentinamente se solta.

As rosas eram doces e sem iguais.
Não escondo o que sinto, o carinho que me aflige
Entre os espinhos que vou abraçando...
Despindo das dores e dizer jamais!

Agora o acaso é meu...
Acordar de madrugada e te pensar na água fria do mar.
Jogar as rosas... Dizer algo além da saudade.
Mostrar que o meu carinho é maior do que se possa pensar.

Se nasce assim desajeitado...
Se rima com teu verso...
Se comprovo abraçando a madrugada...
È porque te adoro mais que a dor do verdadeiro amor!

De Magela e Carmem Teresa Elias

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Guardo na alma


Guardo na alma



A casa está vazia...
Mas, onde quer que esteja,
Sei que saberá que não esqueço que a amo.
Amo mais que tudo!

Se o tempo leva a lugares distantes
Fazendo esquecer, e a recomeçar em outro lugar,
Apagando parte de mim...
Tenho sentimentos que guardo no coração e na alma.

E mesmo que um dia a vida acabe,
Que o coração fique velho, cansado,
E pare de bater, meu amor estará seguro...
Eu o levarei por onde for.

Para os corpos a certeza do toque,
Para os corações, tristezas e alegrias...
Aos olhos cores em movimento, e para mim a certeza de não ferir a calma,
Porque jamais deixa de existir o amor que se guarda na alma.

De Magela/Moleta/MQTD.