segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Andejo

 
 
Danado de andejo,
Que é este coração sonhador!
Vive encurralado num canto da sala,
Sem vida, flores, amores
*
Ataranta-se com o peito festivo!
Ri da celebração, feito fajardo,
Encanta-se com a alegria dela,
Mas triste se ilude e morre calado
*
De Magela - Poesias

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Terror



Aquela mulher em trajes de dormir saiu correndo de casa
Lançando-se às ruas em plena madrugada
Névoa a rigor... Aquele modo estranho de
Encontrar tranquilidade no medo e no terror
*
Somos assim, pensava ela
Sob a neblina não precisamos de aparência
E, saiu a correr pela rua
Entre as casas, espremida entre troncos de Magnólias
*
A catedral estava ali adiante...
Esbaforindo, espiava apenas o borrão cinza azul,
O brilho opaco das luzes
Diluído pela neblina
*
Latiu um cão! A seguir outro e outro
Um vulto de homem espreitava à sua frente...
Estremeceu: movimento que remete ao temor,
Ele indefinido, sobretudo marrom escuro, à sua frente, De repente, começou a correr
*
Em noite assim qualquer vulto é sombrio
Escondendo verdades está a nitidez
Céu sem estrela ou, lua...
Pela cor que se ausenta, torna tudo tristeza pura
*
Delírio, terror, parece ser alguém conhecido. Não...!
Entre o sonho está a curiosidade e o medo,
E nenhuma mente humana é tão sinistra
Quanto a nossa própria mente
*
Repentinamente, seus pés tropeçaram...
Havia um corpo caído no chão
Volume ensanguentado de uma bela mulher ferida
Não! Assassinada!
*
Desorientou-se
Quis correr, mas as pernas não iam
Narciso fosse capaz de ver na escuridão
Beleza naquele corpo!
*
Em pânico gritou.
Socorro! Alguém acuda aqui. Socorro!
Esquecendo daquele estranho vulto
E, mais uma vez gritou
*
Que grito tem o poder de silenciar a névoa?!
Que homens chegam assim apressados por suas esposas?!
Que insistentes são esses latidos a se estenderem
Madrugada a dentro?
*
Quantas perguntas ao amor se concede...
Que houve senhora?! Que faz na rua nesta hora?!
O Que aconteceu com a mulher no chão? Sua amiga...?
Viu quem fez ou, foi a senhora que a matou?
*
“Foi o vulto”
Não foi capaz de dizer mais nada; ali desmaiou
Nada demorou polícia e bombeiro
Quem é a morta? O policial perguntou
*
Vítima e quase testemunha eram a mesma mulher...
Estupefatos, quem ali assistia!
Viva e morta, face a face num espelho de sangue!
*
Quando não se ama de verdade
A vida é névoa que nos chama pela madrugada
O amor se torna um vulto que apressadamente mata e foge
E, sem o necessário tempo, nunca se pode fazer nada!
*
De Magela e Carmem Elias/Devoção ao Terror.