Lágrimas de Potira
Muito antes dos brancos atingirem Góias
Na busca por pedras preciosas...
Iam por aquelas partes muitas tribos indígenas vivendo em paz,
E numa dessas, Potira formosa e o jovem guerreiro Itagibá.
Era costume casar cedo.
Quando ela chegou na idade do casamento, ele se fez guerreiro.
Não havia como negar que se amavam e tinham se escolhido.
Uniram-se com muita festa e sem disputa de outros guerreiros.
Corria o tempo tranquilamente sem que nada perturbasse os apaixonados,
Quando Itagibá, saia com os demais para caçar, tornavam se mais unidos.
Era admirável!
A alegria de seu reencontro.
Um dia, no entanto, o território foi invadido
Itagibá teve que partir com os outros para a guerra.
Ela ficou contemplando as canoas que desciam o rio,
Não chorou como as mulheres, por não saber o que sucede numa guerra.
E todas as tardes, ia para abeira do rio numa espera paciente,
Alheia aos afazeres e algazarras constante das crianças.
Esperando ouvir o barulho dos remos batendo na água,
Uma canoa despontar na curva do rio,
Foram muitas tardes iguais...
Com dor a saudade aumenta mais um pouco.
Até que no canto da araponga uma canoa voltou para anunciar:
O guerreiro não mais voltaria e pela primeira vez ela chorou.
Sem dizer uma palavra ficou à beira do rio,
As lágrimas que desciam do seu rosto sem cessar foram ficando solidas e brilhantes no ar antes de afundar, Tupã condoído por seu sofrimento transformou as lágrimas em diamantes para perpetuar o amor que não se acabou.
De Magela
(Adaptação de lenda Indígena extraída de Conto e Lendas de Amor. São Paulo, Ática, 1986)