segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

As lágrimas de Potira


Lágrimas de Potira




Muito antes dos brancos atingirem Góias

Na busca por pedras preciosas...

Iam por aquelas partes muitas tribos indígenas vivendo em paz,

E numa dessas, Potira formosa e o jovem guerreiro Itagibá.



Era costume casar cedo.

Quando ela chegou na idade do casamento, ele se fez guerreiro.

Não havia como negar que se amavam e tinham se escolhido.

Uniram-se com muita festa e sem disputa de outros guerreiros.



Corria o tempo tranquilamente sem que nada perturbasse os apaixonados,

Quando Itagibá, saia com os demais para caçar, tornavam se mais unidos.

Era admirável!

A alegria de seu reencontro.



Um dia, no entanto, o território foi invadido

Itagibá teve que partir com os outros para a guerra.

Ela ficou contemplando as canoas que desciam o rio,

Não chorou como as mulheres, por não saber o que sucede numa guerra.



E todas as tardes, ia para abeira do rio numa espera paciente,

Alheia aos afazeres e algazarras constante das crianças.

Esperando ouvir o barulho dos remos batendo na água,

Uma canoa despontar na curva do rio,



Foram muitas tardes iguais...

Com dor a saudade aumenta mais um pouco.

Até que no canto da araponga uma canoa voltou para anunciar:

O guerreiro não mais voltaria e pela primeira vez ela chorou.



Sem dizer uma palavra ficou à beira do rio,

As lágrimas que desciam do seu rosto sem cessar foram ficando solidas e brilhantes no ar antes de afundar, Tupã condoído por seu sofrimento transformou as lágrimas em diamantes para perpetuar o amor que não se acabou.


De Magela


(Adaptação de lenda Indígena extraída de Conto e Lendas de Amor. São Paulo, Ática, 1986)