sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Sangro com a pele ressecada de civilização
Forrada no avesso de quando o amor aumenta
Pela carne sem pecado e salvação
Pela saudade imensa de jornais e cola branca
*
Sangro por pés e por mãos
Na pedra lisa da vida escorrida
Do trabalho, do descanso tortuoso,
Da barbárie que não me deixa amar
*
Sangro de esquecimento
De traição! De desgosto...
Sangro a vida nesses destroços
Em que o sonho existe sem imagem e carne
*
Sangro pelo ventre que nasce
Pelo coração que morre
Pelo amor quando socorre
Pela alegria; couro tratado e longe da dor
*
Sangro por sentimentos famintos
Guardados e enclausurado feito pergaminhos
Contidos na escuridão que habita o corpo
Em conflitos intermináveis
*
Sangro para o coração saber
Que é permitido viver, ouvir e saber
Sangro a mata, sangro o bem e o mal
Sangro escrita e civilização, despedida e sal
*
De Magela e Elias/Sangro.
(Direitos Autorais Reservados pela Lei 9610/98)
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